quinta-feira, 29 de março de 2012

Do que eu sinto saudade


Eu morei durante 30 anos na cidade e conheço todos os problemas que ela tem. Só quando vim morar no interior eu pude ficar saudosa de certas coisas que eram cotidianas, como não podia deixar de ser diferente, e gostaria de escrever sobre elas aqui.

Um típico dia de trabalho envolvia acordar cedo, me vestir em 15 minutos e ir pegar o ônibus a poucos metros de casa, para onde quer que eu fosse. Pegar o transporte cheio ou trânsito era normal. Eu reclamava como todo mundo, mas já considerava normal. O bom de São Paulo é que, se você não quiser pegar trânsito, basta acordar mais cedo.

Chegava na região onde ficava o meu trabalho e tomava meu café-da-manhã em algum boteco de confiança, pedindo sempre o mesmo: iogurte batido com leite e queijo branco na chapa. Nos dias mais frios, eu substituía o iogurte pelo chocolate quente.

A vista no trabalho daria para um mar de prédios onde quer que fosse, ou simplesmente para um amontoado de janelas onde você poderia verificar quem estava trabalhando, quem estava ouvindo música, quem estava no banheiro. Na hora de ir embora, o mesmo trânsito, mas com mil possibilidades. Afinal, em um dia eu ia até o Centro fazer aula de italiano no Circolo. No outro, podia passar pela Livraria Cultura do Conjunto Nacional e me perder em livros e moleskines até tarde. Um filme no Espaço Unibanco, talvez, com direito ao Pedaço da Pizza logo ao lado. E, às sextas-feiras, decidir se iria ou não até o bar onde o A. tocaria com a banda para vê-lo ou se iria para casa tomar um banho quente e relaxar vendo algum filme na tv, pedindo pizza, lendo algum livro ou a última Vogue, comprada na banca da Real.

Marcar com todas as pessoas possíveis qualquer tipo de programa em qualquer dia da semana. Talvez uma amiga queira ir ao shopping na terça-feira para comprar um sapato. Ou então, na quinta, encontrar um grupo de amigos para tomar uma cerveja na Augusta, no happy-hour. E que tal sair para jantar no sábado e depois passar o fim da noite no Souza comendo comida boa e barata e falando bobagem?

Ok, é claro que muito disso diminuiu potencialmente depois que eu tive um filho. Mas nem tanto. As possibilidades sempre estiveram no lugar delas - minha disponibilidade que variava. Hoje, tenho a disponibilidade e tão pouca oportunidade. E mais medo de sair na rua do que quando vivia em São Paulo.

Porque, em São Paulo, é comum encontrar todo tipo de gente andando na rua. Você não encontra só o bandido, mas o inglês que está hospedado no Formule 1 e quis experimentar o X-Burdog depois de ver um jogo de futebol no Pacaembu. Ou a galerinha de 15 anos que foi pagar de gótica no cemitério do Araçá. E mesmo pessoas saindo da faculdade e esperando o ônibus no ponto depois das onze horas da noite. Isso é São Paulo.

Hoje eu trabalho em um lugar com vista para a natureza, chego cedo em casa, mas tenho medo de ir até o mercado que fica na esquina, pois ninguém anda a pé na rua. Nunca vi uma cidade com tão pouca gente andando na rua e isso foi meio chocante para mim quando me mudei. Cresci acostumada a ir a pé para todos os lados e, quando não dava, havia ônibus e metrôs para todos os lados. Cresci acostumada a ir nas feiras de rua, ou em eventos culturais como a Feira da Pompéia ou a quermesse da Igreja de Nossa Sra. de Fátima, onde reconhecia os rostos de 15, 20 anos atrás. É no mínimo diferente morar em uma cidade onde ninguém se interessa pela sua história e as únicas atrações são os shoppings e restaurantes caros que eu não tenho interesse em conhecer. Não existe cultura. Não existe história. Não existe identidade alguma aqui.


E aí né, a gente pensa na qualidade de vida, mas eu aprendi com essa mudança que a qualidade de vida é uma coisa que depende muito da qualidade da vida de cada um. Eu, que sempre fui extremamente ligada à cultura da minha cidade (São Paulo, te amo), sinto demais a falta disso. Não é a mesma coisa ir ao cinema aqui. Nem os shoppings são iguais. Os edifícios históricos do Centro, onde estão? E os grupos diversos, as pessoas que curtem estar juntas, onde se encontram? Cadê o molequinho de 14 anos indo para a Galeria do Rock ou para a Teodoro Sampaio com o violão nas costas? Ou a menina de cabelo curto e crespo, vestido vermelho e o filhinho no sling, passeando pela Livraria da Vila? Sumiram em uma nuvem de lembranças. Nem o pio dos passarinhos é igual.

No final das contas, identidade é uma coisa muito maluca. Eu amo a natureza. Mesmo. Adoro fazer hiking, subir lá em cima em uma montanha, acampar, ver as estrelas, até curtir uma praia no litoral norte. Entre outras coisas. Mas, com toda essa experiência, percebi como eu sou urbana, como eu pertenço a São Paulo. Talvez eu me sentisse igual morando em New York. Talvez não. Mas sabe, mês que vem começam as festas italianas na Mooca e eu fico me perguntando por que não estou lá para curtir essas coisas que eu sempre curti, que fazem tão parte da minha vida. Será que devo mesmo esquecer e me adaptar à vida nova? Será que vamos conseguir?

Antes eu tinha seis horas de sono toda noite, vivia estressada, mas era parte de mim. Hoje durmo oito horas por noite e vivo cansada, sem ânimo, fazendo tudo devagar. Eu gosto da ansiedade. Eu gosto do trânsito. Eu gosto de fila para o cinema. Eu gosto da Livraria Cultura. Eu gosto de poder ir até o Mercado Municipal a hora que eu quiser. Eu gosto de poder estar perto de tudo o que considero certo.

Não tenho previsão para voltar para São Paulo. Nossa família está bem instalada, adoro o meu emprego, ano que vem filhote vai para a escolinha e o aluguel em São Paulo está mais caro que aqui. Mas eu sinto tanta falta e não consigo disfarçar quando me perguntam, então é basicamente por todos esses motivos acima e mais um milhão deles.

Mas quer saber o lado bom dessa história? É que agora eu tenho certeza. Já vivi os dois lados, e sei o que é certo. O maluco é ter feito o cotidiano virar sonho e lembrança, mas não é mais ou menos isso o que acontece quando alguém muito querido morre? A diferença, nesse caso, é que não morreu - só ficou a 90km de distância. O que, de certa forma, é até pior.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Coleção da Giselle para a C&A

Eu achei a coleção bem fraquinha. Compraria somente duas peças:


E, mesmo assim, nada de mais, né?

quinta-feira, 22 de março de 2012

Compras para o outono/inverno 2012


Eu fiz uma lista de roupas clássicas para ter até o final da vida (cof) no Toodledo e estipulei uma frequência de compra para cada uma delas, pois muitos itens precisam sempre ser substituídos, aquela coisa. Com base nessa lista, fica mais fácil saber o que comprar para não sair gastando e, sinceramente, tem dado bem certo por enquanto. Para o frio que felizmente se aproxima, a minha lista de compras é:

- camiseta simples com manga longa nas cores: preto, branco, marinho, bege e outras pastel
- camisa clássica com manga longa nas cores: branco, preto, jeans, rosa e azul pastel, branco com risca de giz cinza claro
- camiseta listrada p/b com manga curta
- cardigan preto e azul marinho
- vestido azul marinho
- vestido cinza claro

- calça de alfaitaria preta com corte clássico
- calça de alfaiataria grafite com corte clássico
- calça jeans escuro com corte reto
- saia florida com fundo escuro
- saia nas cores: preto, cinza claro, azul marinho
- saia longa preta
- renovar estoque de meia-calça: pretas, roxas, vermelhas, cinzas


- sapato boneca preto (esse de cima é o da arezzo)
- sapatilha vermelha (ou sapato boneca igual ao de cima, só que vermelho)
- sapato oxford marrom clássico
- ankle boot preta sem salto (também da arezzo, provavelmente)
- slipper ou sapatilha de leopardo

- uma boa bolsa preta de couro

Pode parecer bastante coisa, mas são itens para comprar em março, abril, maio, junho, julho e agosto. Se for avaliar pela quantidade de uso das peças (para ir trabalhar etc.), vale o custo-benefício.